A memória ruim de Tarcísio Calabresa
Pecuarista que doou R$ 500 mil para a campanha de Tarcísio em 2022 apareceu em uma investigação da PF sobre tráfico de cocaína envolvendo o PCC e a ’Ndrangheta, a máfia da península da Calábria.
A Polícia Federal descobriu que uma pecuarista que doou R$ 500 mil para a campanha de Tarcísio de Freitas em São Paulo mantém relação próxima com um integrante do PCC e, ao que tudo indica, está envolvida em lavagem de dinheiro para a organização criminosa paulista. Em nota, Tarcísio disse que “contou com mais de 600 doadores” em 2022, como se o governador nunca tivesse ouvido falar não exatamente do 599º ou do 601º, mas da sexta maior financiadora da sua campanha para o Palácio dos Bandeirantes.
Governador, ela se chama Maribel Schmittz Golin, tem 59 anos, você foi o único candidato que recebeu recursos dela em 2022 e o nome dela apareceu em uma investigação da PF sobre o envio de cocaína do porto de Paranaguá, no Paraná, para a Europa por uma joint venture entre o PCC e a ’Ndrangheta, a máfia originária da península da Calábria.
A Maribel, governador, tem quatro empresas com nenhum funcionário registrado, mas pelas contas dessas empresas onde ninguém põe mãos à obra passaram mais de R$ 1,4 bilhão entre 2020 e 2022. A PF também descobriu transações indicativas de lavagem de dinheiro entre a Maribel e o “apóstolo” Valdemiro Santiago, em cuja igreja, a Igreja Mundial do Poder de Deus, você, governador, já até subiu no púlpito para pregar contra “falsos cristos” e “filhos das trevas”.
E outra, governador, mas disso vossa excelência há de se lembrar: o tesoureiro da sua campanha foi o ex-militar, como você, e seu cunhado Maurício Pozzobon Martins, que você tentou empregar no governo do estado, mas teve que recuar por motivo de nepotismo. Aí o senhor enfiou Martins no gabinete de um deputado estadual, mas não um qualquer.
Atualmente, Maurício Martins trabalha no gabinete do deputado estadual Danilo Campetti, um policial federal que assumiu mandato em junho do ano passado após você, governador, requisitar ao prefeito da capital, Ricardo Nunes, que nomeasse um deputado do Republicanos para o secretariado municipal a fim de abrir uma vaga para Campetti, suplente do partido, na Alesp.
“Pra que essa ansiedade, essa angústia?”, diria um velho colega seu, governador, um colega de farda e de Esplanada dos Ministérios.
Em 2018, como policial, Danilo Campetti integrou a “Operação Messias” da Polícia Federal, de proteção do candidato à presidência Jair Messias Bolsonaro. Campetti estava em Juiz de Fora com Bolsonaro no dia da facada. Quatro anos depois, em 2022, Campetti estava no episódio do tiroteio em Paraisópolis durante um ato da campanha de Tarcísio, a campanha financiada por Maribel Dona-De-Bois. Há imagens dele de arma em punho. Naquele episódio, é bom lembrar, um homem morreu.
Vamos combinar: quem precisa da máfia calabresa?