A serviço de quem a Moderninha do PagBank requisita a Petrobras?
A serviço não exatamente da energia limpa, como diz o seu novo slogan, a velha Folha de S. Paulo exorta neste domingo, 25, em editorial publicado como palavra de ordem na capa da edição impressa, à privatização da Petrobras, Caixa e Banco do Brasil, nomeados como “conglomerado anacrônico”, “aparato custosamente mantido sob o controle do Estado”, “assíduas no noticiário sobre aparelhamento e má gestão”.
Moderno é, por exemplo, o conglomerado privado Claro-Net, com quase meio milhão de queixas na Anatel em 2023, campeão entre as campeãs de reclamações por mau serviço no Brasil: as empresas de telefonia, quase 25 anos após a privatização das teles.
Aparato bacana é o da infraestrutura de transporte no Brasil: três décadas depois da criação do Programa de Concessão de Rodovias Federais e da extinção da Rede Ferroviária Federal, a Confederação Nacional do Transporte requisita 900 bilhões junto ao Estado brasileiro “para atender às demandas de infraestrutura de transporte do país”.
O que é mais assíduo no noticiário do que os sucessivos recordes de lucros bancários e, na outra mão, do endividamento das famílias brasileiras, passados 28 anos da medida provisória 1514 de 1996, que instituiu o Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (PROES), com resultado oligopólio privado e desnacionalização? Aliás, o UOL, do Grupo Folha, noticiou há poucos dias que o PagBank, do Grupo Folha, registrou o lucro recorde de mais meio bilhão de reais no segundo trimestre de 2024.
Há exemplo recente de má gestão empresarial no Brasil mais notório do que o das concessionárias de energia elétrica, às vésperas do aniversário de 30 anos do começo da privatização do setor elétrico no Brasil?
Apesar de tudo isso, a Folha diz no editorial que “o programa brasileiro de privatizações derrubou sucessivamente tabus, preconceitos e teses catastrofistas”, debocha do que chama de “pretexto estratégico” como argumento contra as privatizações e pontifica que o caminho da Petrobras, Caixa e Banco do Brasil é “a privatização criteriosa, com modelos que incentivem a competição e regulação que salvaguarde os interesses dos consumidores”.
Sobre medir a vida, o Brasil, pela régua do consumo, e não da cidadania, sobre abordar os fatos à luz do consumidor, e não do cidadão, Renato Janine Ribeiro já desferiu um belo punch na Moderninha do PagBank, digo, da Barão de Limeira, quando o bizarrismo “sua excelência, o consumidor de notícias” apareceu pela primeira vez no projeto editorial “do principal jornal do país”.
A serviço de quem ou de quê a Folha se aliou ao jornalista trumpista para publicar o bizarrismo do “fluxo fora do rito” contra Alexandre de Moraes na semana passada, a tentativa de emplacar uma “Vaza Xande”? Foi o que muitos nos perguntamos. Sobre tudo isso, editorial deste domingo inclusive, fiquemos com o nocaute de Dilma Rousseff na Folha quando a Folha publicou outro editorial bizarro, intitulado “Jair Rousseff”, lembrando, Dilma, que uma ficha dela no Dops, falsa, foi publicada pela Folha como verdadeira:
“Quem acredita que as redes sociais inventaram as fake news desconhece o que foi feito pela grande imprensa no Brasil – a Folha inclusive”.
Neste domingo, além de requisitar em capa a degola da Petrobras, da Caixa e do Banco do Brasil no altar do neoliberalismo, a Folha anuncia que a partir de setembro sua edição impressa “evolui formato para leitura dinâmica e mais conteúdo”, tudo “com tinta que não suja as mãos”…