CentrãoBet: o governo e o jogo do tigrinho de Motta e Alcolumbre
Semanas atrás, Haddad afirmou que o aumento da taxação das bets compensaria a “recalibragem” exigida pelos presidentes da Câmara e do Senado no decreto do IOF, que acabou feito em pedacinhos.

Os brasileiros vêm gastando neste ano em apostas online, todo mês, o equivalente ao total liberado para milhões de trabalhadores no último saque extraordinário do FGTS. Nesta toada, as chamadas bets já recolhem no Brasil um montante maior em impostos — bem maior — do que a indústria de bens de capital, considerada “termômetro da economia”.
Todo mês os brasileiros gastam R$ 30 bilhões, com “b”, nas bets e uma pesquisa recente apontou que 42% dos brasileiros que apostam todo mês nas bets estão endividados. O total liberado no último saque extraordinário do FGTS, em 2022, foi de R$ 30 bilhões e os 42 milhões de trabalhadores brasileiros que fizeram o saque canalizaram seu fundo de proteção principalmente para o pagamento de dívidas.
Em maio, as bets pagaram R$ 814 milhões em impostos à Receita Federal, praticamente o dobro da arrecadação com o setor de produção de máquinas e equipamentos, que foi de R$ 408 milhões no mesmo mês.
Neste ano, as bets, ameaça social e financeira ao Brasil, já renderam R$ 3 bilhões em impostos à União, o equivalente ao que o governo Lula liberou em várias rodadas de pagamentos de emendas parlamentares — R$ 3 bi em cada uma delas —, em vésperas de votações no Congresso Nacional.
Semanas atrás, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o aumento da taxação das bets de 12% para 18% — após dedução do Imposto de Renda e dos “prêmios” pagos a apostadores — compensaria a “recalibragem” exigida por Hugo Motta e Davi Alcolumbre no decreto do IOF.
Recalibrado o decreto do IOF, o governo botou fé nos crupiês, mas nesta quarta-feira, 15, para fins de inviabilizar o ano e meio que resta de governo, Motta e Alcolumbre fizeram o decreto em pedacinhos. Nesta quinta, a imprensa brasileira informa que o governo está indeciso se leva a questão ao Supremo, se não leva; se começa a tentar sair das cordas ou se insiste em apostar no jogo do tigrinho da conciliação.