Chefe do Comando Sul dos EUA se reuniu com militares sul-americanos em meio a ameaças de Trump à Venezuela
José Múcio Monteiro mandou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas para participar da edição de 2025 da Conferência de Defesa Sul-Americana, que aconteceu nesta semana em Buenos Aires.
No momento em que o governo de Donald Trump reforça o Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM, na sigla em inglês) com milhares de fuzileiros navais, navios para assalto anfíbio e até um submarino de ataque com propulsão nuclear, a título de “lidar com organizações narcoterroristas”, o chefe do Comando Sul estadunidense, almirante Alvin Holsey, esteve nas últimas 72 horas reunido em Buenos Aires com chefes militares de toda a América do Sul.
Ou melhor, quase toda.
A edição de 2025 da Conferência de Defesa Sul-Americana (SOUTHDEC, na sigla no idioma de Trump) começou na última terça-feira, 19, e terminou nesta quinta-feira, 21. Participaram do encontro todos os países ao sul do Panamá, exceto a Venezuela, vizinho do Brasil que Trump ensaia invadir. O almirante Holsey fez o discurso de abertura da conferência. Ele disse que “atualmente 33 grupos sancionados pelos EUA, incluindo 10 organizações terroristas estrangeiras recentemente designadas, operam no Hemisfério Ocidental”.
Além de invadir a Venezuela, o governo Trump ensaia também aumentar a lista citada pelo almirante Holsey com o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Durante a conferência, o presidente da Argentina, tiete de Trump e destinatário de carta de asilo de Jair Bolsonaro, Javier Milei, e o ministro da Defesa da Argentina, Luis Petri, reuniram-se em Buenos Aires com membros do Conselho de Segurança Nacional e do Departamento de Estado estadunidenses.
O ministro da Defesa do Brasil, José Múcio Monteiro, mandou alegremente para o encontro com o almirante Hosley - para tratar, nas palavras de Holsey, dos “desafios e ameaças que se estendem da Cordilheira dos Andes ao Estreito de Magalhães” -, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Renato Rodrigues de Aguiar Freire, seu ajudante de ordens e seu adjunto de comando.
A portaria assinada por Múcio autorizando a viagem dos três militares à capital argentina foi publicada no dia 7 de agosto, dia seguinte à entrada em vigor do tarifaço de Trump contra o Brasil.