Cidade de Gaza, Dachau do século XXI
É mais fácil passar uma corda pelo buraco de uma agulha do que o número de palestinos mortos por Israel na Faixa de Gaza desde outubro de 2023 ainda não ter passado de 100 mil cadáveres.

Saiu há pouco, no dia 23 de junho, o primeiro levantamento independente do número de mortos por Israel na Faixa de Gaza na etapa atual do projeto sionista contínuo de limpeza étnica da Palestina. A estimativa é que Israel matou 83,7 mil palestinos em Gaza entre outubro de 2023 e janeiro de 2025. O número de seis meses atrás é 49% maior até do que a mais recente contagem de mortos do próprio Ministério da Saúde de Gaza, que é de 56,2 mil cadáveres.
Israel costuma acusar o Ministério da Saúde de Gaza de inflar o número de cadáveres que ele próprio, o sionismo, não para de produzir.
O estudo, intitulado Número de mortes violentas e não violentas na Guerra de Gaza: novas evidências primárias, foi financiado pelo Instituto de Pesquisas da Paz de Oslo e pelo Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia de Desastres da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, e conduzido pelo britânico-estadunidense Michael Spagat, professor do Holloway College, da Universidade de Londres, e especialista renomado em mortalidade em conflitos violentos.
O levantamento estimou 75,2 mil mortes violentas em Gaza entre 7 de outubro de 2023, dia do cruento ataque do Hamas, e 5 de janeiro de 2025, com intervalo de confiança de 95% entre o limite inferior de 63,6 mil e o limite superior de 86,8 mil mortos. Entre os mortos, 56,2% eram mulheres com idades entre 18 e 64 anos, crianças, adolescentes e idosos. O estudo também estimou 8,5 mil mortes não violentas em excesso, ou seja, acima do esperado, ou seja, de fome, doenças, etc, em consequência dos bombardeios e do “cerco total” a Gaza.
Considerando os limites superiores somados do intervalo de confiança do estudo, 99,3 mil mortos por Israel na Faixa de Gaza até o último 5 de janeiro; considerando que depois disso Israel chegou a matar mais de 500 palestinos em Gaza num só dia - o dia do fim do cessar-fogo - e já matou mais de 500 gazitas nas últimas semanas só nas filas para ajuda humanitária; é mais fácil passar uma corda pelo buraco de uma agulha do que o número de palestinos mortos por Israel em Gaza ainda não ter passado de 100 mil - 4,5% da população de Gaza antes da “guerra”.
Trata-se do mesmo número de seres humanos, 100 mil, a imensa maioria judeus, “passados” pelo exército nazista entre 1941 e 1943 num desfiladeiro nos arredores de Kiev, nos fuzilamentos coletivos de Babi Yar, símbolo do Holocausto na Europa Oriental.
Só na Cidade de Gaza, segundo o novo estudo, os sionistas deixaram entre outubro de 2023 e os primeiros dias de 2025 um rastro de até 40 mil mortos. Ali, sob os olhos de todo mundo, às vistas de todo o mundo “civilizado”. Trata-se do mesmo número de judeus que viviam em Riga, na Letônia, antes da Segunda Guerra Mundial. Com a chegada dos nazistas, 30 mil foram confinados num gueto e os outros foram mortos na floresta de Rumbula.

Somando mortes violentas e não violentas, os nazistas mataram pelo menos 40 mil pessoas em Dachau, primeiro campo de concentração regular estabelecido pelos nacional-socialistas na Alemanha, o que mais tempo ficou em operação e o que serviu de modelo para os demais.
Ali, a 16 quilômetros de Munique.