Claudio Bonfim Cruento de Castro e Silva
Operação policial mais letal da história do Rio acontece coincidentemente no momento em que a ADPF das Favelas, chamada por Castro de "maldita", está sem relator.
Sob o comando do governador Claudio Castro, as polícias do estado do Rio de Janeiro mataram pelo menos 60 pessoas nesta terça-feira, 28, nos complexos de favelas da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense, em operação contra o Comando Vermelho. Quatro policiais também morreram nos tiroteios — dois militares, dois civis. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou a operação como “cruenta”.
A operação policial desta terça é a mais letal da história do Rio e ela acontece, coincidentemente, no momento em que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635, a chamada ADPF das Favelas, está sem relator. Quando o relator original, Edson Fachin, assumiu a presidência do STF, no fim de setembro, a relatoria passou para Luis Roberto Barroso. Com a aposentadoria de Barroso, em 18 de outubro, o processo está à espera do novo ministro do tribunal, ainda a ser indicado pelo presidente Lula e a ser sabatinado no Senado.
Nesta terça, falando à imprensa sobre a “Operação Contenção” — sobre a matança no Rio —, Claudio Castro chamou a ADPF das favelas de “maldita”.
Já o Projeto de Lei 1283/25, que estende a aplicação da Lei Antiterrorismo a organizações criminosas, ganhou relator no último 10 de setembro e está aguardando parecer para ser votado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O relator do PL 1283/25 é o deputado Nikolas Ferreira.
Em maio, Claudio Castro foi aos EUA “viabilizar parcerias que auxiliem no combate ao tráfico de drogas e de armas no Rio de Janeiro” e “buscar apoio para classificar facções do Rio como narcoterroristas”.
Nesta terça, enquanto as polícias de Castro invadiam os complexos da Penha e do Alemão, deixando pelo menos 60 cadáveres por terra, o secretário “de Guerra” dos EUA, Pete Hegseth, anunciava do Twitter/X que novos ataques a embarcações no Caribe, perto da costa da Colômbia, deixaram mais 14 mortos no mar. O total de mortos no Caribe pelos EUA a título de guerra a “organizações terroristas designadas” já chega a 43 desde o dia 2 de setembro.
Na última vez que Pete Hegseth tinha ido ao Twitter/X anunciar ataques letais do SOUTHCOM no Caribe, no dia 22 de outubro, o senador Flavio Bolsonaro retuitou Hegseth com o seguinte comentário: “Que inveja! Ouvi dizer que há barcos como este aqui no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?”.
Nesta terça, com o Rio conflagrado, banhado de sangue, com a “guerra no Rio” em todas as manchetes, Claudio Castro reuniu a imprensa para dizer que o governo Lula não ajuda a combater o crime organizado no estado, que as Forças Armadas tampouco, que o Judiciário atrapalha e que, portanto, o estado do Rio estaria “sozinho”. Castro ainda não pediu a potência estrangeira que ataque embarcações na Baía de Guanabara, como o senador Flávio Bolsonaro, mas parece que está prestes.



Eu acabei não incluindo na minha newsletter pra não alongar mais o assunto, mas foi surreal esse tweet do Flávio falando das execuções extrajudiciais do Trump como se isso fosse um sonho.
Se resolvessem matar criminoso sem processo legal, ele e a turma já tavam comendo capim pela raiz.
Tarcísio ganhou um adversário. Castro é o novo Witzel. A campanha começou no melhor estilo miliciano.