Como tornar 400 Kg de urânio enriquecido grandes novamente
Quando a Rússia atacou a usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia, a Embaixada dos EUA em Kiev deu a letra: “atacar uma usina nuclear é um crime de guerra”.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Mariano Grossi, informou ao conselho da agência no última sexta-feira, 20, horas antes do ataque dos EUA a instalações nucleares do Irã, que os estoques iranianos de urânio estavam devidamente sob vigilância, em conformidade com o acordo de salvaguardas assinado entre a AIEA e Teerã.
Isso até Israel atacar a usina de Natanz, instalação do programa de enriquecimento de urânio do Irã, no último 13 de junho. Nas palavras de Grossi, “ataques a instalações nucleares na República Islâmica do Irã causaram uma forte degradação da segurança nuclear no país”.
“Conforme declarado em meu relatório mais recente ao Conselho de Governadores da Agência e com base nas inspeções realizadas nas instalações relevantes desde então, os estoques de urânio do Irã permanecem sob salvaguardas, em conformidade com o acordo abrangente de salvaguardas do Irã. Vocês devem se lembrar de que mais de 400 kg desse estoque é urânio enriquecido a até 60% de U-235. É essencial que a Agência retome as inspeções o mais breve possível para fornecer garantias confiáveis de que nada desse material foi desviado”, disse Grossi ao Conselho da AEIA na última sexta.
O diretor-geral da AEIA lembrou ainda que “ataques armados a instalações nucleares nunca devem ocorrer, pois podem resultar em liberações radioativas com consequências graves dentro e fora das fronteiras do Estado que foi atacado”.
“Qualquer ação contra o Reator de Pesquisa Nuclear de Teerã - disse ainda Grossi - poderia ter consequências graves, potencialmente para grandes áreas da cidade de Teerã e seus habitantes”.
Em Teerã vivem 15 milhões de pessoas.
Na último sábado, 21, os EUA atacaram três instalações nucleares iranianas: Natanz, Isfahan e Fordo. Em março de 2022, quando a Rússia atacou a usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia, a Embaixada dos EUA em Kiev deu a letra: “atacar uma usina nuclear é um crime de guerra”.
Nesta segunda-feira, 23, em novo pronunciamento, Rafael Mariano Grossi não poderia ter sido mais claro:
“É necessário que haja uma cessação das hostilidades para que as condições de segurança necessárias prevaleçam, para que o Irã possa deixar as equipes da AIEA entrarem nos locais para avaliar a situação. Quaisquer medidas especiais do Irã para proteger seus materiais e equipamentos nucleares poderão ser tomadas em conformidade com as obrigações de salvaguardas do Irã e da Agência. Isso é possível. Os inspetores da AIEA estão no Irã e estão prontos”.
Grossi deu como exemplo a situação de Fordo, principal centro iraniano de enriquecimento de urânio a 60%, após o ataque de sábado ordenado por Donald Trump:
“No momento, ninguém – incluindo a AIEA – está em condições de avaliar completamente os danos subterrâneos em Fordo. Dada a carga explosiva utilizada e a extrema sensibilidade das centrífugas à vibração, espera-se que tenham ocorrido danos muito significativos”.
Nesta segunda, poucas horas depois, Israel voltou a atacar o Irã. Um dos alvos é justamente Fordo. Tem gente, bilionário e Estado sionista que só querem ver o circo pegar fogo, para não dizer a pele das pessoas.