Eleição em São Paulo: o 'bloqueio nas estradas' do 'bolsonarista moderado'
Nenhum Datafolha poderá agora mensurar qual foi o efeito de o governador de São Paulo ter dito, com as urnas abertas, que um dos candidatos ao governo de São Paulo capital tinha o apoio do PCC.
Dito “bolsonarista moderado”, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse em entrevista coletiva neste domingo, 27, no meio do dia do segundo turno, que a maior facção criminosa do estado e do país orientou voto em um dos candidatos que restaram na disputa pela prefeitura da capital paulista.
O outro candidato estava ao lado de Tarcísio quando o governador respondeu à pergunta “mas qual é o candidato?”, feita por uma repórter da Folha de S.Paulo.
“Boulos”, foi o que respondeu Tarcísio, com Ricardo Nunes de braços cruzados e assentindo com a cabeça, coladinho, coladinho no governador, este outro capitão do Exército Brasileiro que, na entrevista, usava no peito um adesivo com o número 15, de Nunes.
Nenhum Datafolha poderá agora mensurar qual foi o efeito de o governador de São Paulo ter dito, com as urnas abertas, que um dos candidatos ao governo de São Paulo capital tinha o apoio do PCC. Talvez o efeito tenha sido maior, efetivo, do que o bloqueio de estradas do Nordeste pela PRF nas eleições de 2022.
Mas é como disse Jair Bolsonaro quando o Museu Nacional pegou fogo, quando seu futuro ministro da Economia virou alvo de investigação pela Polícia Federal, quando tentou indicar o próprio filho para ser embaixador nos EUA, quando tentou indicar um amigo desse filho para ser diretor da PF, quando os brasileiros começaram a morrer feito moscas por causa da sua parceria com o vírus SarS-Cov-2:
“E daí?”.
Amanhã ou depois, Tarcísio de Freitas posará para alguma foto com algum ministro do TSE, talvez todos, rindo-se todos, mesmo que seja por dentro, da reação de Guilherme Boulos ao episódio, classificado por Boulos como aquilo que o episódio é: “criminoso”.
Guilherme Boulos pediu a cassação de Tarcísio de Freitas e a inelegibilidade de Ricardo Nunes. A campanha de Nunes correu para dizer que Tarcísio apenas “respondeu a uma pergunta de jornalista”, e que Boulos “faz um ataque à imprensa”.
Dias atrás, os advogados de Nunes correram para classificar como “crime eleitoral” as perguntas de veículos da imprensa independente - De Olho nos Ruralistas e Intercept Brasil - sobre sua relação com um megafraudador dos cofres públicos.
Em tempo: a notícia-crime pela inelegibilidade de Ricardo Nunes chegou no TSE e caiu, por sorteio, com Kassio Nunes Marques…