Então o Exército considera 'excessivo' Bolsonaro ir para a Papuda?
Ajudado por Múcio Monteiro, general Tomás Paiva pressiona Moraes também por “dignidade” — regalias — para os generais condenados por tentativa de abolição violenta da democracia.
O atual comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva, era o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras quando um ex-capitão da Força, deputado federal, não foi impedido de reunir centenas de cadetes no pátio da Aman para prometer “virar para direita este país”. Era novembro de 2014. Dilma Rousseff tinha acabado de ser reeleita e Jair Bolsonaro lançava-se, ilegalmente, dentro de uma OM (Organização Militar), candidato a presidente em 2018.
Após o golpe contra Dilma, para o qual contribuiu o Exército de Caxias, o general Tomás Paiva, chutando em público cachorro que julgava morto, disse à imprensa, muitíssimo à vontade, que o PT tinha feito “uma coisa burra” ao levantar a possibilidade de alterar o sistema de promoção das Forças Armadas e o currículo das escolas militares.
Depois — logo depois —, Tomás Paiva ajudou o necromante do golpismo de coturno no Brasil, general Eduardo Villas Bôas, a ameaçar publicamente o Supremo Tribunal Federal horas antes do julgamento do Habeas Corpus que poderia ter colocado Lula frente a frente com Bolsonaro nas urnas ainda em 2018, em vez de só em 2022. É da lavra de Tomás Paiva, saudado pela mídia corporativa como “general legalista”, o termo-chave daquela ameaça ao Judiciário, daquele famoso tuíte golpista do general Villas Bôas: “repúdio à impunidade”.
Agora, o general Tomás Paiva, ajudado pelo ministro da Defesa, Múcio Monteiro, pressiona Alexandre de Moraes por “dignidade” — regalias — para os generais condenados por tentativa de abolição violenta da democracia e diz a Moraes que o Exército considera “excessivo” mandar Jair Bolsonaro para a Papuda. É o que informa a imprensa corporativa, sem ser desmentida pela Força ou pela Defesa.
Nem pela Força, nem pela Defesa, nem por esse sentimento que grassa sempre que, por exemplo, governadores de estado tramam com a direção da Câmara dos Deputados para quebrar as pernas da Polícia Federal e para favorecer, via chacinas, a eleição de um Senado bolsonarista em 2026, a fim de quebrar as pernas do Supremo: esse sentimento de que o golpe ainda não foi definitivamente debelado.




