Exclusivo: o dia em que Bolsonaro conheceu o kid preto encarregado de matar Lula, Alckmin e Moraes
Foi precisamente às 10:42h do dia 15 de julho 2019, numa sessão solene na Câmara dos Deputados em homenagem ao aniversário do Comando de Operações Especiais do Exército Brasileiro.
Quinze de julho de 2019, precisamente às 10:42h. Foi neste dia e nesta hora que Jair Bolsonaro conheceu o general Mario Fernandes, o kid preto que foi preso no último 19 de novembro por participar de um plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes no fim de 2022, segundo inquérito da Polícia Federal.
É o que mostra o vídeo de uma sessão solene na Câmara dos Deputados em homenagem ao aniversário do Comando de Operações Especiais do Exército Brasileiro. Bolsonaro, que estava há sete meses na presidência da República, atravessou a praça dos Três Poderes para participar da homenagem.
A sessão foi realizada a partir de um requerimento do deputado Major Vitor Hugo, ex-kid preto que era líder do governo Bolsonaro na Câmara.
Naquele dia, no púlpito da Câmara, Bolsonaro agradecia a presença de militares de alta patente na sessão, inclusive vários dos seus ministros - Fernando Azevedo e Silva, Luiz Eduardo Ramos, etc -, quando percebeu, pela farda, a presença de um general sentado na ponta da mesa do plenário.
“É da brigada PQD? É do comando da brigada?”, perguntou Bolsonaro, dirigindo-se ao general, às 10:42h.
“Comando de Operações Especiais”, respondeu o general.
“Desculpa aqui. General…?”
“Mario”.
“Prezado general Mario, comandante do Grupamento de Operações Especiais. Muito obrigado pela presença”.
O diálogo está no minuto 7:18 deste vídeo.
Mario Fernandes comandava as Operações Especiais do Exército desde agosto de 2018. Poucos dias depois de conhecer Fernandes, em 26 de julho de 2019, Bolsonaro visitou o Comando de Operações Especiais, em Goiânia, e voltou a encontrar o general.
Dois anos depois, em julho de 2021, já na reserva, Mario Fernandes foi nomeado secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República - número dois do ministério chefiado pelo general Ramos.
Fernandes ocupou o cargo até o fim do governo Bolsonaro, quando participou, de dentro do Palácio do Planalto, do plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes, no âmbito da tentativa de golpe de Estado.
Nesta terça-feira, 26, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, retirou o sigilo do inquérito do golpe.
Na página 843 do inquérito, a Polícia Federal diz que “as evidências colhidas indicam que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do planejamento operacional Punhal Verde e Amarelo” - o plano de assassinato do então presidente eleito, do vice e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Naquela sessão na Câmara, no dia 15 de julho de 2019, Bolsonaro disse assim aos kids pretos que lotavam o plenário da Casa:
“Sabemos que grande parte da missão de vocês, ninguém toma conhecimento”.
Às vezes, toma.
Fracassados a trama assassina e o golpe de Estado, o general Mario Fernandes ganhou um cargo na Câmara, no gabinete de um colega de farda e ex-ministro de Bolsonaro, um outro general, Eduardo Pazuello.
“Um manda, o outro obedece”.