Expectativa: sanções tecnológicas. Realidade: ferro de solda
“Sem sinal de GPS funcionariam as tornozeleiras eletrônicas?", disse Eduardo Bolsonaro um dia após o pai começar a usar tornozeleira, especulando que Trump poderia bloquear satélites para o Brasil.

“Sair do Brasil é a coisa mais fácil”, disse Jair Bolsonaro a um batalhão de jornalistas no dia 18 de julho deste ano, minutos após ser condecorado com uma tornozeleira eletrônica e depois de perguntado se pretendia fugir do país. Nenhum dos jornalistas do batalhão teve a presença de espírito de perguntar imediatamente: “senhor ex-presidente, quebrar tornozeleira é fácil também?”.
A tornozeleira eletrônica foi inventada nos EUA pelo juiz Jack Love, do Novo México, no início da década 1980. Na época, em uma entrevista ao New York Times, o juiz Love contou que teve a ideia lendo uma tirinha do Homem-Aranha na qual Wilson Fisk, o Rei do Crime, obriga o cabeça de teia a usar um bracelete que informa, denuncia sua posição.
A tirinha que inspirou o juiz Jack Love foi publicada em 1977, ano em que a Academia Militar das Agulhas Negras expectorou para o Brasil um certo aspirante a oficial de Artilharia. Na tirinha de Stan Lee e John Romita, Fisk avisa ao Aranha sobre o bracelete: “nem mesmo o seu fantástico poder pode removê-lo! Nada pode, exceto minha chave laser escondida!”.
No dia seguinte à colocação da tornozeleira onde um dia grassou a erisipela, logo acima do chinelo de tiras resistentes, Eduardo Bolsonaro foi ao Twitter/X especular sobre uma chave laser escondida. Compartilhando matéria da CNN que citava a possibilidade de “sanções tecnológicas dos EUA contra o Brasil”, Eduardo deixou no ar: “sem sinal de GPS funcionariam as tornozeleiras eletrônicas?”
A guerra nas estrelas não aconteceu, mas nas últimas horas alguém levou um ferro de solda ao Solar de Brasília 2. Com um Perfex de cozinha, limpou-se o dispositivo dos restos de farofa de Goiás e…
“Senhor ex-presidente, quebrar tornozeleira é fácil também?”
“Só na se for na casa da sua mãe!”


