Glauber Braga e a tática vitoriosa da verdade
Glauber escancarou o definhamento moral da Câmara, o golpismo e a violência do Centrão, sacolejou a esquerda e pôs a direita canalha em dificuldades para levar a infâmia da sua cassação até o fim.
Em 1981, Adelmo Genro Filho, Marcos Rolim e Sergio Weigert publicaram um pequenino mas precioso livro chamado Hora do Povo: uma vertente para o fascismo. Trata-se de uma crítica ao jornal que proclamava-se “comprometido com os interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo”, mas que na prática enroscava-se na ideologia dominante e especulava alegremente com os piores preconceitos do senso comum. Como? Esvaziando os fatos do seu caráter político, rendendo-se ao imediato e superficial e, em nome de uma ligação “realista” com as massas, desprezando os princípios norteadores da ação transformadora.
“O HP reforça nas massas os elementos ideológicos que, num futuro possível, poderão ser manipulados em função de uma alternativa fascista”.
No começo no livro, discute-se de maneira geral, a partir da crítica ao HP mas para além do campo da imprensa popular, a necessidade de articulação entre os três níveis reais da luta de classes — os princípios, a estratégia e as táticas —, “uma harmonia que forneça, constantemente, os elementos autocríticos da intervenção política”, sob pena de a perspectiva de transformação pegar um desvio para o taticismo oportunista, perder o rumo e submergir no imediatismo, “sem intervir efetivamente no processo objetivamente em curso”.
“Muitas vezes o conceito empobrecido de tática é chamado a justificar o abandono concreto dos princípios, que ficam condenados ao limbo das declarações de fé. Concebe-se desse modo a tática num sentido sordidamente utilitário e os princípios como pura abstração. Assim, na prática política do dia a dia, essas duas noções tornam-se desencontradas e, frequentemente, opostas”.
“Na verdade, por ser intervenção política imediata, a tática é a maneira presente e efetiva de manifestação dos princípios. Por isso, não há nada taticamente eficaz que não aponte o sentido da verdade”.
Glauber fica.




