Guilherme Boulos e o Senhor Torto às vésperas de eleição e Halloween
Sobre pôr a alma, também conhecida como princípios, no prego do Senhor das Moscas.
Pelo menos até o meio-dia desta sexta-feira, 25, quando vai ao ar certa “Entrevista de emprego”, o filme de terror do ano ainda é Late night with the devil, que estreou no Brasil um mês atrás e por aqui ganhou o título “Entrevista com o demônio”.
No filme, ambientado no Halloween de 1977, um apresentador de TV chamado Jack Delroy está desesperado para fazer seu talk show bater a concorrência. Ele resolve, então, promover no programa uma sessão ao vivo de invocação do mal com uma menina possuída por um demônio chamado Senhor Torto.
Quando a sessão de topa tudo pela Quaest, ou melhor, por Ibope, sem nenhuma surpresa dá sinais de que vai dar merda, de que foi no mínimo ideia de jerico, com o Senhor Torto fazendo ao vivo o que fazem os demônios, o pilantra Jack Delroy, posto que pilantra, chega a hesitar.
Mas a hesitação de Delroy só dura até seu produtor cochichar em seu ouvido num intervalo comercial - como fazem os marqueteiros mais bem pagos do Brasil - que, segundo os “trackings”, a coisa caminha para ser “o maior evento televisivo desde o pouso na Lua”.
“Estamos de volta ao páreo”, comemora Delroy.
Estavam. Na volta do intervalo, o Senhor Torto torce pescoços, rasga gargantas, queima vivos os participantes do programa, vale-se da transmissão ao vivo para invadir as casas das pessoas - e nunca foi, o Senhor Torto, de nenhum MTST.
“Eu vou exorcizar o demônio com a carteira de trabalho. Um grande vagabundo dessa nação. Você nunca vai ser prefeito de São Paulo enquanto tiver homem aqui nessa cidade”, disse Pablo Marçal a Guilherme Boulos no último 14 de agosto, ao vivo, num debate promovido pelo Estadão.
Late Night With The Devil está na Netflix. É um belo filme sobre pôr a alma, também conhecida como princípios, no prego do Senhor das Moscas. A diferença de Jack Delroy para Guilherme Boulos, diante do Senhor Torto, às vésperas de eleição e de Halloween, é que Boulos nem hesitou: “eu topo!”.