Imagina, 'não é para dar golpe, não'
Imagina se o pastor Silas Malafaia usou a imagem de um batom representado como bala de fuzil para convocar para o ato por anistia na Paulista. Imagina se, no ato, incitou as Forças Armadas ao motim.

Organizador do ato por anistia a Jair Bolsonaro realizado neste domingo, 6, em São Paulo, o pastor Silas Malafaia estava, como se diz, “pistola” no alto do carro de som, para não dizer “golpista”.
Reverberando os acampamentos golpistas de 2022, Malafaia não se fez de rogado para incitar as Forças Armadas ao motim (contra a prisão de Braga Netto):
“Cadê esses generais de quatro estrelas do Alto Comando do Exército? Cambada de frouxo. Cambada de covardes. Cambada de omissos. Vocês não honram a farda que vestem”.
Diz o Artigo 286 do Código Penal, parágrafo único, sobre o crime de incitação: “incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os Poderes Constitucionais, as instituições civis ou a sociedade”.
Pena: detenção, de três a seis meses, ou multa.
Na sequência do flagrante delito, Malafaia tentou amaciar o indeformável: “Não é para dar golpe, não. É para marcar posição”.
E depois:
“Não brinquem com o povo pacífico! Não brinquem com o povo pacífico! A medida do povo brasileiro está se enchendo de tanta covardia, maldade e injustiça.”
E ainda, apenas pastoreando suavemente dezenas de milhares de pessoas:
“Eles não estão querendo paz com este caminho que eles estão tomando. Alexandre de Moraes, você pode mandar prender dez, cem, quinhentos, mil, mas você não vai prender todo o povo brasileiro. Ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil!”
Mas todo esse veneno - o mesmo veneno que resultou no 8/1 -, naturalmente, “não é para dar golpe, não”.
Imagina.
Imagina se o pastor Silas Malafaia - o “pistola” - usou a imagem de um batom representado como bala de fuzil para convocar suas ovelhas para o ato na avenida Paulista contra a “covardia, maldade e injustiça”.
Quando uma ovelha envenenada seguir o pastor e tentar outra vez explodir o STF, o que acontecerá? Quando o rebanho envenenado invadir e destruir novamente uma sede de Poder Constitucional, ou todas elas, apenas “para marcar posição” - “não é para dar golpe, não” -, acontecerá o quê?
Isto: o “guia espiritual”, impune, aparecerá outra vez na Paulista, empoleirado num carro de som, para destilar novamente o seu veneno; o seu suave veneno que, como diz a canção de Aldir Blanc e Cristovão Bastos, “pode matar sem querer por querer”.
45000 testemunhas ???
Cade os robozinhos do menino enxaqueca ?