Massacres em filas para comida na Faixa de Gaza foram premeditados por Netanyahu e Trump
Pelo menos 410 palestinos foram executados pelo exército de Israel na Faixa de Gaza em menos de um mês após serem atraídos para pontos de distribuição de ajuda humanitária.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos informou nesta terça-feira, 24, que pelo menos 410 palestinos foram executados pelo exército de Israel na Faixa de Gaza após serem atraídos para quatro pontos de distribuição de ajuda humanitária transformados em “armadilhas mortais”, nas palavras da ONU.
Isso em menos de um mês, desde 27 de maio, quando a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) assumiu a distribuição de comida e remédios no território palestino devastado por Israel. A GHF é ligada aos governos Netanyahu e Trump — os genocidas se apresentando para alimentar os mesmos que eles vêm matando com bombas ou de fome.
Nesta segunda-feira, 23, 15 organizações internacionais de direitos humanos enviaram uma carta à GHF alertando sobre violações do direito internacional, nomeadamente a cumplicidade com crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.
Recém-fundada e com sede em Delaware, a GHF é presidida por um pastor evangélico estadunidense, Johnnie Moore, próximo a Trump, expoente do chamado “sionismo cristão” e presidente de uma empresa de marketing e comunicação chamada JDA Worldwide, com sede em Indianápolis. A empresa afirma atender seus clientes inspirada nos valores “de duas das maiores pessoas da história — José e Davi do Antigo Testamento”.
O rei Davi de é aquele que, após derrotar os moabitas, povo que vivia a leste do Mar Morto, “fez com que se deitassem no chão e os mediu com uma corda: os que ficaram dentro de duas medidas foram mortos e os que ficaram dentro da terceira medida foram deixados com vida” (Segundo Livro de Samuel, capítulo 8, versículo 2).
Como Ananás apurou que foi num evento em Washington apoiado pela JDA Worldwide que J.D. Vance defendeu em fevereiro o fim da ajuda humanitária dada pelos EUA a outros países, porque, segundo o vice de Trump, isso só ajuda a “espalhar o ateísmo” pelo mundo. Vance disse o que disse no momento exato em que Trump decidiu fechar a agência estadunidense de ajuda humanitária — a USAID.
Na última sexta-feira, 20, a senadora democrata Elizabeth Warren pediu explicações ao secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, sobre um suposto redirecionamento de R$ 500 milhões em verbas da USAID para a GHF do pastor Moore; para a operadora dos centros de ajuda humanitária em Gaza transformados em abatedouros de “animais humanos”, nas palavras que o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, costuma usar para se referir aos palestinos.
Primeiro, Israel bloqueia por dois meses a chegada de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, deixando 2,1 milhões de palestinos, inclusive crianças, à beira da morte por inanição. Depois, começam em Gaza as operações da GHF e desde logo começam também os massacres nas filas para comida, sob a direção conjunta de Katz e do “sionista cristão” herdeiro de verbas da USAID — testas de ferro, respectivamente, de Netanyahu e Trump, ou seria de José e Davi do Antigo Testamento?
“Os que ficaram dentro de duas medidas foram mortos, e os que ficaram dentro da terceira medida foram deixados com vida”.
Por enquanto.
Os abatedouros, as “armadilhas mortais” armadas por Israel e pelos EUA para abater famintos na Faixa de Gaza foram premeditadas, e com bastante antecedência.