'Minha Primeira Arma': deputado quer criar programa para compra de revolver inspirado no Minha Casa, Minha Vida
Autor da proposta, Marcos Pollon já defendeu a compra de armas para reagir "ao luladrão" e "à corte que está querendo destruir o país".
Enquanto o caminhão do “centro democrático” e do fascismo sem rodeios passava por cima do governo, do Brasil, nesta terça-feira, 17, no Congresso Nacional, o deputado bolsonarista Marcos Pollon (PL-MS) protocolava na Mesa Diretora da Câmara um projeto de lei algo kafkiano, de incentivo à compra da primeira arma de fogo “inspirado no modelo do Minha Casa, Minha Vida”.
Em suas redes sociais, Pollon já batizou seu rebento: “chegou o Minha Primeira Arma”.
O Projeto de Lei 2961/2025 - “Minha Primeira Arma” - prevê isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do Imposto de Importação (II), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da Contribuição para o PIS/PASEP para quem comprar pela primeira vez, pelos meios legais, um revólver ou quem sabe uma carabina semiautomática.
“A proposta é inspirada em outros mecanismos de isenção fiscal amplamente aceitos pela sociedade e pela jurisprudência nacional, como os programas que isentam a aquisição do primeiro imóvel residencial ou do primeiro veículo automotor. Em ambos os casos, o Estado reconhece que o alto custo de entrada justifica o benefício para o cidadão que está iniciando sua jornada de patrimônio ou mobilidade. Por coerência, o mesmo raciocínio deve ser aplicado à sua primeira ferramenta de proteção pessoal”, diz Pollon na justificação do PL 2961/25.
Se o projeto de lei virar lei, o preço de uma arma de fogo pode cair até 70% para quem for atrás da “Minha Primeira Arma” como quem sai para assistir a Meu primeiro amor ou para comprar Meu Primeiro Gradiente.
Quem já passou dos 40 irá lembrar do Meu Primeiro Gradiente: o gravador-karaokê todo colorido lançado em 1989 e que vinha com uma fita K7 com músicas mais apropriadas para trilha sonora da bancada ruralista, onde milita Marcos Pollon, do que para as crianças da educação infantil, como Uma barata chamada Kafka, dos Inimigos do Rei:
Você mora na Barata Ribeiro
Num edifício que tem um buraco perto do chuveiro
Já se drogou com Detefon
Insetizan, fumou Baygon
Tudo quanto é tipo de veneno
Você acha bom
“Não se trata de fomento à proliferação armamentista”, diz ainda Marcos Pollon na justificação PL 2961/25.
Imagina.
Fundador do Movimento Pró-Armas, Pollon é o deputado que em 2023 apresentou um projeto de lei para obrigar professores das redes públicas municipais, estaduais e federal a se submeterem a exames toxicológicos para admissão e manutenção no cargo e, logo depois, revoltou-se com a aprovação no Senado de um PL que determinava a apresentação de exame toxicológico com resultado negativo para autorização e renovação de posse ou porte de armas de fogo.
Em 2021, quando ainda não tinha mandato, falando no palco de num evento “conservador” organizado por Eduardo Bolsonaro, Marcos Pollon defendeu que brasileiros comprassem armas de fogo, cada um com sua primeira arma, para reagir ao “luladrão” e ao Supremo Tribunal Federal:
“Quando você toma a decisão de comprar uma arma, antes mesmo de tocar nela, você tomou um decisão irrevogável: você não vai ser mais vítima, e a partir daquele momento, qualquer injustiça vai calar fundo no seu peito, e você reage. Você reage ao 'luladrão', você reage à corte que está querendo destruir o país”.