Musk passando para lembrar, de novo, que o próximo golpe terá apoio externo
Em abril, quando falou pela primeira vez em descumprir determinações judiciais contra o X assinadas pelo “ditador”, mesmo que o ex-Twitter fosse derrubado no Brasil, era Elon Musk passando para lembrar que na próxima tentativa de golpe de Estado no país haverá o apoio externo que faltou em 2022 e no 8 de janeiro de 2023.
“Princípios importam mais que lucros”, tuitou Elon Musk, quatro meses atrás. Era uma maneira “libertária” de Musk dizer que, sim, ele está disposto a rasgar uma fração, uma fraçãozinha de nada, da sua fortuna de US$ 250 bilhões para atirar o mundo à loucura, à impostura, ao fascismo.
Na esteira daquelas escaramuças, em junho, o deputado bolsonarista Coronel Meira (PL-PE) requereu ao Ministério da Defesa informações sobre os contratos das Forças Armadas com a Starlink, a internet via satélite de Musk, e sobre uma eventual suspensão das atividades da Starlink no Brasil.
Coronel Meira é o deputado que propôs a criação da efeméride “Dia dos Presos Políticos”, que seria no dia 9 de janeiro, para homenagear os golpistas presos na frente do QG no Exército, em Brasília, na manhã seguinte ao 8/1.
Nesta quinta-feira, 29, com o bloqueio das contas da Starlink no país, determinado por Alexandre de Moraes, Coronel Meira divulgou o conteúdo da resposta da Defesa. Segundo a pasta, comandada pelo civil de quatro estrelas José Múcio Monteiro, dependem hoje da Starlink as comunicações da Marinha do Brasil e o patrulhamento de fronteiras.
“Moraes está colocando em risco a segurança nacional”, gritou o Coronel Meira.
Nas últimas horas, clientes da Starlink no Brasil estão recebendo uma carta na qual a empresa promete “defender seus direitos protegidos por sua Constituição”. Lembra a carta “às instituições e ao povo brasileiro”, com a qual em novembro de 2022 os comandantes militares prometeram proteção às “demandas legais e legítimas”, “nos termos da Constituição”, de quem estava acampado, pedindo golpe, na frente dos quartéis.
Ainda ontem, no governo Bolsonaro, Musk e milicos comiam filé com risoto de parmesão no hotel Fasano Boa Vista na companhia de Dias Toffoli.
Naquela altura, o brigadeiro Baptista Junior, hoje tido como herói da pátria por supostamente não embarcar no golpe do bolsonarismo militar, o brigadeiro Baptista Junior, dizíamos, circulava sorridente com Musk na base de Alcântara, para arregaçar Alcântara para a SpaceX. Na época, a FAB chegou a publicar um clássico do entreguismo intitulado “Janela brasileira para o espaço é apresentada ao empresário Elon Musk”.
Fotos da época mostram o bilionário que tem a força de países exibindo pendurada no pescoço a Ordem do Mérito da Defesa, concedida a quem, entre outras glórias, “tenha procedido de maneira relevante na manutenção da integridade da Nação Brasileira sob ameaça de grave risco”. Deve usá-la até hoje, como fetiche, para espalhar pelo mundo que no Brasil vigora uma “ditadura”.
Nisso, e com Trump fungando de novo o cangote da correlação internacional de forças, Alexandre de Moraes achou uma boa ideia intimar Elon Musk via… X, marcando Musk, inaugurando o X, de Musk, como forma de comunicação de atos processuais, assim, como quem dá golpes de facão em pés de maconha no Paraguai.