O general que tinha a espada ao lado volta à carga
“Em situações extremas (...) as Forças Armadas podem ser compelidas, pelo imperativo moral e institucional, a intervir para proteger a Nação”
No dia dos famosos tuítes do general Villas-Bôas, então comandante do Exército, que funcionaram como ameaça ao STF no momento em que seria julgado o pedido de habeas corpus de Lula, o general da reserva Paulo Chagas se notabilizou por sua patriótica manifestação na mesma rede, numa “emocionada continência” a seu líder: “Tenho a espada ao lado, a sela equipada, o cavalo trabalhado e aguardo suas ordens!”
Foi em 3 de abril de 2018, e não foi preciso empunhar a espada nem montar no cavalo, porque o STF, ainda que por apenas um voto, manteve a prisão de Lula e inviabilizou sua candidatura, o que abriu caminho para a vitória de Bolsonaro.
Chagas era então o candidato de Bolsonaro ao governo do Distrito Federal. Depois romperia com o capitão, como mostra esta entrevista do Brasil de Fato, de agosto de 2021, em que contesta o apoio a tentativas de golpe.
Agora, na esteira da descoberta da conspiração do Punhal Verde-Amarelo, o general novamente apela à sua espada, num longo tuíte em que volta a exaltar as Forças Armadas como “guardiãs dos interesses nacionais”. Não apenas cita o Art. 142 da Constituição (o tal que supostamente justificaria o popularizado slogan da “intervenção militar constitucional”), mas avança para a possibilidade de intervenção militar tout court, ao assinalar que a subordinação dos militares ao poder civil “não elimina a sua responsabilidade ética e institucional de zelar pelos interesses maiores da Nação (...)”.
Assim, “em situações extremas, onde os poderes da República estejam corrompidos, omissos ou inoperantes, as Forças Armadas podem ser compelidas, pelo imperativo moral e institucional, a intervir para proteger a Nação”.
Poucas declarações podem ser mais explícitas do que esta.
É aceitável um general se manifestar dessa forma, a essa altura dos fatos?
O general reconhece que essa é uma possibilidade controversa e que, claro, “deve ser vista como um ÚLTIMO RECURSO, sempre com o objetivo de devolver o poder ao controle civil legítimo o mais rápido possível”.
Precisamente como ocorreu há 60 anos, naquele golpe cuja memória o governo fez o favor de não cultivar, porque não devemos olhar para o retrovisor, embora isso contrarie as instruções elementares de qualquer motorista e seja um risco no trânsito.
Um risco às vezes fatal.
Também em 64 os militares deram o golpe em nome da democracia e prometeram eleições para breve.
O general Chagas, naturalmente, manifesta-se dessa forma em nome da preservação, “acima de tudo, do ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO”, porque “NENHUMA DITADURA SERVE AO BRASIL”.
A espada continua afiada. O cavalo, encilhado, pronto para entrar em ação.
E aquela cadela, como sempre, permanentemente no cio.
Que nojo desse generalzinho e de todos os outros milicos que se locupletam do dinheiro público e oferecem as riquezas brasileiras aos imperialistas para depois escrevem essas merdas. Devem ser condenados por traição e perderem seus botões, estrelas e soldos porque a vergonha já perderam faz tempo. Canalhas!