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Os bartenders do bolsonarismo e a mão invisível que mistura o metanol

A depender dos desdobramentos das operações Carbono Oculto e Mafiusi e da investigação pela PF sobre drinks com metanol, os presidenciáveis Tarcísio e Ratinho Jr. ainda vão passar muita irritação.

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Hugo Souza
out 04, 2025
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Tarcísio de Freitas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, anda por aí jurando de pé junto que não será candidato ao Palácio do Planalto em 2026, mas sim à reeleição para o Palácio dos Bandeirantes e isto aqui faz parte deste show: plantou-se na imprensa o zum-zum-zum de que Tarcísio apoia o governador do Paraná, Ratinho Jr., para a presidência da República.

Sendo Tarcísio, sendo Ratinho Jr. quem vai servir o coquetel bolsonarista na eleição presidencial do ano que vem, o candidato deverá enfrentar questionamentos de campanha sobre o fato de o Porto de Paranaguá, no Paraná, ter pintado de repente como hub logístico do Primeiro Comando da Capital; como corredor de importação de metanol e exportação de cocaína pelo PCC, segundo a Carbono Oculto e a Mafiusi, operações recentes da Polícia Federal.

Foi pelo Porto de Paranaguá que o PCC importou milhões de litros de metanol com notas falsas de produto para uso na indústria, mas na verdade para misturá-lo à gasolina vendida nos mil postos de combustíveis controlados pelos mafiosos, em tramoia graúda com direito a lavagem de dinheiro da máfia numa pá de enfatuados endereços da avenida Brigadeiro Faria Lima. Foi o que mostrou a Operação Carbono Oculto.

A investigação da PF sobre bebidas alcoólicas batizadas com metanol irá dizer se o que estava no uísque, vodca e gim dos intoxicados na Grande São Paulo e no agreste pernambucano, com mortos, veio desse esquema do PCC no setor de combustíveis, ou seja, se o metanol que está cegando e matando gente em São Paulo e em outros estados do Brasil passou pelo Porto de Paranaguá.

Já a Operação Mafiusi revelou uma joint venture, por assim dizer, entre o PCC e outra máfia, a italiana ’Ndrangheta, para envio de cocaína para a Europa pela mesma porta, o Porto de Paranaguá, em mancomunação para tráfico internacional de drogas cuja lavagem dos lucros passaria, conforme a investigação da PF, por uma pecuarista que está entre os maiores doadores da campanha de Tarcísio de Freitas para o governo de São Paulo em 2022.

O Porto de Paranaguá foi o primeiro porto público do Brasil a receber autonomia administrativa, com os processos de arrendamento de terminais passando da Secretaria Nacional de Portos para a empresa pública estadual Portos do Paraná no governo de Jair Bolsonaro. O convênio de delegação de competência foi assinado em agosto de 2019 pelo então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e pelo governador paranaense, Carlos Massa Ratinho Jr.

Tarcísio de Freitas e Ratinho Jr. na assinatura do termo de delegação de competência do Porto de Paranaguá, em 2019 (Foto: Alberto Ruy/Ministério da Infraestrutura).

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