São dias estranhos, estes de drinks com metanol e de um país que acabou de sofrer tentativa de golpe de Estado discutindo anistia ou redução de pena para golpistas, na contramão do discurso de endurecimento do Código Penal que sempre — não falha — vem na esteira dos crimes de grande repercussão.
O nome do plano era “Punhal”, mas bem que poderia ter sido “Metanol”: depois de envenenarem a sociedade brasileira contra as urnas eletrônicas, os destiladores planejaram envenenar Lula e Alexandre de Moraes de modo que “induzisse o seu colapso orgânico”.
Está na página 120 da denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que resultou na condenação do “núcleo crucial” da intentona por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado:
“Para vencer os aparatos de segurança do Ministro Alexandre de Moraes, cogitou-se da possibilidade de disparo de armamento, artefato explosivo ou mesmo envenenamento em algum evento oficial público.”
E também:
“Para o candidato eleito Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, contemplou-se o envenenamento ou uso de remédio que induzisse o seu colapso orgânico.”
Na denúncia, Gonet afirmou ainda que “o documento Punhal Verde Amarelo foi impresso por Mário Fernandes no Palácio do Planalto e foi levado ao Palácio da Alvorada para tratativas com Jair Messias Bolsonaro” antes de os kids pretos saírem a campo para emboscar Moraes, verde-amarelando na última hora.
Nestes dias estranhos, o governador do estado mais “rico” do Brasil está em campo defendendo, ao mesmo tempo, anistia para os destiladores e que o CH3OH misturado a bebidas destiladas não tem ligação com o PCC.
Tentando, Tarcísio, fazer crer que os envenenamentos do Brasil (efetivado), de Lula e Moraes (abortados) e por metanol (43 notificações no país, algumas de colapso orgânico, e subindo) nada têm a ver o crime organizado.