PEC da Bandidagem, urgência da anistia e o 'texto constitucional de 1989'
Com a palavra, os mestres, sábios, infalíveis da política, aqueles que não podem ser cobrados, contestados, chamados ao mais elementar cotejo com o rumo das coisas.
Na tarde desta quarta-feira, 17, o presidente do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, disse o seguinte na TV sobre 12 deputados do partido terem votado a favor da PEC da Bandidagem:
“Nesse contexto histórico, seria difícil a sociedade entender que nós voltássemos ao texto constitucional de 1989, que nós voltássemos às garantias estabelecidas para os parlamentares lá em 89. Isso foi debatido. Dito isso, muitos parlamentares do partido disseram que votariam a favor da PEC para que a anistia fosse derrotada”.
Não vamos aqui entrar no mérito da data citada por Edinho — a Constituição é de 1988 —, vamos apenas registrar que ficou, e ficou muito, a impressão de que a direção do PT não é tão contra o mérito da PEC, apenas lamentando que a conjuntura a faça impopular.
Essa foi a impressão. A certeza é que a direção do PT justificou os votos do partido favoráveis à aberração dizendo que uma parte da bancada trocou a aprovação da PEC pela não aprovação da anistia, sem qualquer garantia de cumprimento de supostos (e bizarros) acordos face a face, deputado a deputado, a esta altura do esgarçamento do “jogo parlamentar” e do campeonato de traições à Pátria.
O líder do governo na Câmara em exercício, Odair Cunha (o titular, José Guimarães, foi um dos petistas ausentes na votação), não apenas liberou a bancada para votar como quisesse sobre a PEC, mas votou a favor dela. Odair Cunha, companheiros, é postulante à próxima vaga no TCU e isto teria entrado na conta para mudar a Constituição da República em favor da bandidagem.
O fato é que, no adiantado da noite desta quarta, a urgência da anistia passou na Câmara por 311 votos a favor, 166 contra e sete abstenções.
No fim das contas, passou na Câmara mudança da Constituição em favor da bandidagem, o tumulto da anistia está posto e Odair Cunha que conte, inocente, com sua vaga no TCU. É triste, para dizer o mínimo. Com a palavra, Edinho Silva e todos os outros mestres, sábios, infalíveis da política, aqueles que não podem ser cobrados, contestados, chamados ao mais elementar cotejo com o rumo das coisas.