Pimenta, Sidônio
Ainda não se sabe o destino de Paulo Pimenta no governo Lula III. Quem sabe o Ministério da Defesa.
O episódio é pra lá de conhecido. No dia 3 de abril de 2018, véspera do julgamento do Habeas Corpus de Lula no Supremo Tribunal Federal, o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, postou no então Twitter uma clara ameaça: o Supremo que rejeitasse o Habeas Corpus, tirando mesmo Lula da eleição daquele ano, ou o Exército entraria com “suas missões institucionais”.
A tuitada com ameaça de quartelada está no ar até hoje.
Na época, reagiram imediatamente ao tuíte do general a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Nacional dos Procuradores da República, a Associação dos Juízes Federais, políticos democratas, figuras de expressão pública, etc. A Anistia Internacional divulgou uma nota condenando a “grave afronta à independência dos Poderes, ao devido processo legal”, a “ameaça ao Estado Democrático de Direito”.
Já o então líder do PT do Câmara, bem… Conta o jornalista Fabio Victor no livro “Poder camuflado”:
“No calor da hora, o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, famoso pela retórica mercurial, parecia desorientado: considerou a manifestação de Villas Bôas ‘muito serena’ e avaliou que nela o general reforçava ‘a defesa da Constituição’. Pimenta escreveu no Twitter que ‘infelizmente alguns de seus [de Villas Bôas] subordinados ficaram ouriçados com uma interpretação beligerante que me parece totalmente equivocada’”.
O tuíte de Pimenta também está no ar até hoje.
Hoje, Paulo Pimenta está sendo rendido pelo marqueteiro Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. O problema do governo, dizem, é de comunicação. Porém, há questões para os quais nenhum marqueteiro dará solução. Inclusive a questão - a tutela - militar.
Em seu livro, Fabio Victor informa que, além de Villas Bôas, outros cinco generais participaram da urdidura daquela ameaça ao STF em 2018 - um da reserva e quatro da ativa. Um deles foi ministro-chefe do GSI nos dois mandatos de FHC. Outros três ganharam cargos no governo Bolsonaro - chefe do programa Calha Norte, porta-voz da Presidência da República e Ministro da Defesa.
O quinto cúmplice de Villas Bôas para tirar Lula do páreo em 2018, para Bolsonaro virar presidente, foi o atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, nomeado por Lula no pós 8/1 e saudado por todos como um “general legalista”.
Quanto a Paulo Pimenta, que almeja o governo do Rio Grande do Sul, ainda não se sabe seu destino no governo Lula III. Quem sabe o Ministério da Defesa.