Realgolpetik: os números da base aliada do golpismo no Congresso Nacional
Dos 315 votos favoráveis à Sustação de Andamento de Ação Penal 1/2025, 197 foram de partidos que compõem o primeiro escalão do governo Lula. Ex-presidente da CPMI do Golpe votou com os golpistas.
Sete dos 11 partidos com representação na Esplanada dos Ministérios do governo Lula entregaram 62,5% dos votos para a aprovação nesta quarta-feira, 7, na Câmara dos Deputados, da sustação da ação penal por golpe de Estado que corre no STF contra Jair Bolsonaro e outros tantos réus, entre eles o pretexto para o mais novo putsch parlamentar, Alexandre Ramagem.
Dos 315 votos favoráveis à Sustação de Andamento de Ação Penal 1/2025, 197 foram de partidos que compõem o primeiro escalão do governo Lula.
O MDB, que comanda Cidades, Transportes e nada menos que o Planejamento, deu nada menos que 32 votos para blindar os golpistas, com apenas cinco emedebistas votando “não”.
O PSD, que tem os ministros da Agricultura e Pecuária, Minas e Energia, e Pesca e Aquicultura, teve 26 deputados votando “sim” pela suspensão da ação penal, e apenas 11 votando “não”.
O União Brasil, do Turismo e das Comunicações, contribuiu com o golpismo entregando 50 votos para os golpistas, com míseros quatro votos “não”. Entre os deputados do União Brasil que voltaram com os golpistas estão o ex-ministro de Lula Juscelino Filho e o ex-presidente da CPMI do Golpe, Arthur Maia.
(O testa-de-ferro, desculpe, o autor da SAP 1/2025, Alfredo Gaspar, do União Brasil, é um ex-promotor de Justiça de Alagoas introduzido na política pelo atual ministro dos Transportes, Renan Filho).
O PSB, do vice-presidente da República e dos Ministérios da Indústria e Comércio e Empreendedorismo, chegou junto com três votos “sim”. Trata-se de 20% da bancada deste campeão do campo democrático e o golpismo está tão normalizado que, diante de aberrações como esta, ninguém fala mais em expulsões.
O PDT entregou para os golpistas dois dos seus 17 votos na Câmara dos Deputados, um para cada ministério entregue ao PDT - Previdência e Integração.
O PP, do Ministério dos Esportes, alinhou-se formalmente ao golpismo com 44 votos “sim”, entre eles o de Arthur Lira, e um mísero “não”. Quanto ao partido do presidente da Câmara, Hugo Motta, todos os 40 deputados do Republicanos que participaram da votação votaram “sim”, sem nem um mísero “não” para honrar o Ministério de Portos e Aeroportos.
A SAP 1/2025 é flagrantemente inconstitucional e assim será declarada pelo STF. A aposta dos 315 deputados que votaram “sim”, porém, é na crise política permanente, na assombração perpétua do golpismo. A rigor, o 315 contra Xerxes, ou melhor, contra Xande, deveriam ser incluídos, todos eles, na ação penal que ora tentam sustar.
Esse tipo de coisa, porém - severidade de verdade, dureza à vera com o golpismo e com os golpistas - não é bem coisa do Brasil. Tudo o que pode romper de verdade, à vera, com o ciclo golpe-anistia-conciliação não é bem coisa do Brasil. Coisa do Brasil, trem bão mesmo, é tratar conspirador a pão-de-ló, é governo entregar grandes nacos da administração pública a quem tentou e ainda tenta derrubá-lo.
E, no Lula III, em troca de algo muito, muito próximo de nada.
Normal. Realgolpetik.
Hora de Lula III dar o golpe no golpe...
Que tristeza! Infelizmente Lula III é um naco de nada!