Sóstenes: deputado, pastor e artilheiro musical
Segundo Dino, há "indícios robustos" de que o líder do PL na Câmara e do sequestro do plenário da Casa em agosto seja o líder também, junto com Jordy, de um esquema de desvio de cota parlamentar.

No início de agosto, mais de 100 deputados federais sequestraram o plenário da Câmara pedindo como resgate a votação do PL da Anistia. Na época, em pronunciamento à imprensa na área externa do Congresso, o líder dos sequestradores e do Partido Liberal, Sóstenes Cavalcante, convocou os “patriotas” a aderirem de novo, mais uma vez, a tentativa de golpe de Estado:
“Brasileiros, nós precisamos de vocês. A partir de agora, nós estamos nos adestrando e nos preparando para a guerra. Se é guerra que o governo quer, é guerra que o governo terá. Não haverá paz no Brasil enquanto não houver anistia e impeachment de Alexandre de Moraes”.
Ao lado de Sóstenes, no momento em que Sóstenes declarava guerra, estava outro deputado do PL e do Rio de Janeiro, Carlos Jordy.
Ainda que os sequestradores só falassem em Moraes e anistia, não tardou para vir à tona que a motivação primeira do sequestro do plenário Ulysses Guimarães era impor na pauta da Câmara, na verdade, aquela que ficou conhecida como PEC da Blindagem ou da Bandidagem: a mudança do foro para julgar parlamentares — do STF para as comarcas regionais —, a fim de livrar-se, a bandidagem, dos inquéritos sobre a máfia das emendas parlamentares conduzidos pelo ministro Flavio Dino.
A PEC para blindar a bandidagem foi barrada pelas manifestações multitudinárias realizadas em todo o país no dia 21 de setembro.
Nesta sexta-feira, 19, em operação autorizada por Dino, a Polícia Federal apreendeu R$ 430 mil em dinheiro vivo — 4.300 notas de R$ 100 malocadas em sacos de lixo —, em um apartamento de Sóstenes em Brasília. O deputado diz que a dinheirama veio da venda de um imóvel, mas não disse qual nem quem pagou in cash. Independentemente do quase meio milhão de reais em espécie, emaçado e em saco preto, o despacho de Dino autorizando a busca e apreensão diz que há “indícios robustos” de que o líder de partido golpista e do sequestro do plenário da Câmara seja o líder também, junto com Jordy, de um esquema de desvio de cota parlamentar.
Comprovando-se o peculato, Sóstenes poderá, a exemplo do jogador que faz três gols, pedir música no Fantástico, quem sabe um hino ao Senhor.
O deputado, teólogo e pastor Sóstenes Cavalcante mantém fixada no alto do seu perfil do Instagram uma postagem que é sobre a CPMI do INSS, mas com a cara do próprio artilheiro musical e a legenda: “quem roubou vai pagar pelo que fez!”.





