Os neonazistas de Southport, os ruralistas de Douradina
Em meados de 2014, nas priscas eras das fake news em redes socais, Fabiane Maria de Jesus foi espancada até a morte no Guarujá, no litoral paulista, após circular no Facebook que ela sequestrava crianças para sacrificá-las em rituais de magia negra.
Dez anos depois, em meados de 2024, informações falsas de teor xenófobo produzidas com “Inteligência Artificial” e difundidas por perfis de extrema-direita no Reino Unido vêm resultando em marchas, “protestos” e episódios de violência protagonizados por nazi-hooligans em Londres, Sunderland, Liverpool, Manchester, Leeds, Notthingam e Belfast, além de Southport.
Foi na pequena Southport que há uma semana, no dia 29 de julho, três meninas foram mortas a facadas numa aula de dança para crianças. As facções da extrema-direita britânica imediatamente ligaram o crime ao extremismo-islâmico e à imigração, ainda que o assassino seja um jovem nascido em Cardiff, no País de Gales.
Neste domingo, 4, indígenas Guarani e Kaiowá foram atacados na Terra Indígena Lagoa Panambi, no Mato Grosso do Sul, após ruralistas fazerem circular notícias falsas de invasões a fazendas do município de Douradina. Os indígenas vêm lutando para se manterem em áreas retomadas dentro dos limites da TI.
O ataque de jagunços insuflados por fake news ocorreu sob as barbas da Força Nacional. Pelo menos 10 indígenas ficaram gravemente feridos.
Há uma semana, o deputado federal bolsonarista e líder armamentista Marcos Pollon (PL-MS), publicou em suas redes sociais um vídeo sobre a situação em Panambi. O vídeo tem rabo de jacaré, cabeça de jacaré, pé de jacaré, corpo de fake news sobre a bruxa do Guarujá: “eu estou com rapaz que mora aqui no Panambi. Conta pra nós o que você ficou sabendo…”.
Veja: