Temos números do desempenho do PT nos grandes centros. Eles não são nada bons
Na catástrofe de 2020, partido elegeu ou emplacou no segundo turno apenas sete candidatos a prefeito nos 40 municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes. Domingo agora foi pior.
“Vencedor em 248 prefeituras, PT se fortalece e supera as 183 da última eleição”, disse o Partido dos Trabalhadores em nota divulgada neste domingo, 6, após a apuração dos votos do primeiro turno das eleições municipais. A nota saiu ilustrada com uma imagem na qual se lê apalavra “vitória”.
Trata-se de um crescimento aparentemente animador, de 35%. Aparentemente.
As 183 prefeituras conquistadas em 2020 foi o pior resultado da história do PT. Um resultado, grosso modo, da histeria lavajatista e do em parte consequente tsunami “conservador” no Brasil, é verdade, mas é verdade também que o PT nunca deixou de ter em seu encalço - nunca - os cães ferozes da reação. De qualquer maneira, o número é base duvidosa para cantar uma “vitória” digna do nome, quatro anos depois, dois deles com o partido de volta ao poder central.
Além disso, o crescimento “bruto” de 35% em relação a 2020 esconde nuances importantes, nomeadamente aquelas relativas aos grandes centros, que, eleitoralmente falando, são onde a onça bebe água.
São grandes centros as cidades com mais de 500 mil habitantes. Segundo o censo de 2022 do IBGE, há 41 cidades no Brasil com este contingente populacional, de São Paulo a Serra, no Espírito Santo; do Rio de Janeiro a Aparecida de Goiânia; de Fortaleza a Feira de Santana, na Bahia; de Belo Horizonte a Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco; de Brasília a Joinville, em Santa Catarina.
Come Ananás fez um levantamento de quantos vereadores foram eleitos pelo PT em 2020 e em 2024 nos grandes centros do país - excetuando-se Brasília, que não tem eleição municipal - e de quantos candidatos a prefeito o partido elegeu ou emplacou no segundo turno nessas cidades nas duas eleições.
Sobre os vereadores, o PT tinha eleito 82 nos grandes centros em 2020 e elegeu 93 neste domingo. Trata-se de um crescimento bem mais tímido, 13%, do que aquele “bruto” e relativo apenas a prefeitos. Destaque para a bancada petista na Câmara de Teresina, que mais que dobrou - de três vereadores eleitos em 2020 para sete em 2024.
E só.
Em São Paulo, manteve-se o número de oito vereadores da catástrofe de 2020. No Rio e em Porto Alegre, o PT elegeu apenas um vereador a mais do que na eleição para esquecer de quatro anos atrás. Em Salvador, os quatro vereadores petistas eleitos em 2020 viraram apenas um em 2024. Na grande maioria dos grandes centros o PT elegeu um ou dois, no máximo três vereadores.
Sobre os prefeitos, o PT elegeu ou colocou no segundo turno nos 40 grandes centros brasileiros apenas sete candidatos em 2020. Em 2024, foi pior: míseros seis. Caso alguém faça questão da porcentagem do retrocesso adicional neste quesito - grandes centros urbanos - em relação à derrocada de 2020, é esta: -14%.
Eleitos pelo PT nos grandes centros, neste ano, até agora, são dois. Na verdade, duas, e ambas reeleitas: Marília Campos, em Contagem, e Margarida Salomão, em Juiz de Fora. O partido vai cruzar os bigodes com a extrema-direita ou o Centrão no segundo turno em dois grandes centros do Nordeste: Fortaleza e Natal. Completam a lista pequenininha as também capitais Porto Alegre e Cuiabá.
A título de comparação, neste domingo o PL de Jair Bolsonaro conquistou 155 cadeiras nas câmaras de vereadores dos grandes centros do Brasil (67% a mais do que o PT) e elegeu ou chapou no segundo turno nestas grandes cidades 14 candidatos a prefeito (133% a mais do que o PT).
Quando você vem de uma catástrofe eleitoral e, na eleição seguinte, fica estagnado onde mais importa e ainda vê seu antagonista - e da Democracia - “performar” ali mais que o dobro que você, isso tem nome e sobrenome: derrota incontestável. Companheiros, até o PSDB, este cadáver insepulto, fez mais prefeituras que o PT horas atrás.
Seria bom começarmos a chamar as coisas pelos nomes completos que elas têm, sob pena de acabarmos, de “vitória” em “vitória”, rumando à derrota final.