Desmentindo o Comitê Nobel
Maria Corina Machado ganhou o Nobel Paz porque, segundo o Comitê Nobel, “tem sido firme em seu apoio a uma transição pacífica para a democracia” na Venezuela, mas ela tem sido justamente o contrário
Ao laurear com o Nobel da Paz a “conservadora” Maria Conina Machado, “líder da oposição na Venezuela”, o Comitê Norueguês do Nobel afirmou nesta sexta-feira, 10, em comunicado à imprensa, que Corina “tem sido firme em seu apoio a uma transição pacífica para a democracia” em seu país.
O Comitê Nobel afirmou também que a atuação de Corina demonstra que “a resistência pacífica pode mudar o mundo”; que os esforços da oposição a Maduro na Venezuela têm sido “pacíficos e democráticos”; e destacou uma frase lacradora da laureada sobre escolher “entre votos e balas”.
Porém, a atuação de Maria Corina Machado nos últimos meses (para ficar só nos últimos meses, nem vamos entrar, por exemplo, em sua participação na tentativa de golpe contra Hugo Chávez em 2002) desmente categoricamente a louvação, o motivo da laureação.
Em vez de liderar uma “resistência pacífica” e apoiar uma “transição pacífica para a democracia” na Venezuela, Maria Corina Machado lidera um grupo que apoia o uso da força, e força estrangeira, para mudar o ocupante do Palácio de Miraflores, conforme registrou recentemente o New York Times.
Semanas atrás, Maria Corina Machado declarou apoio ao incremento da presença militar dos EUA no Caribe, contra Nicolás Maduro. A manifestação de Corina aconteceu quando o SOUTHCOM já tinha explodido três embarcações venezuelanas no Caribe, matando vários venezuelanos sob a alegação, sem qualquer comprovação, de que transportavam drogas para os EUA.
Um dos principais assessores de Maria Corina Machado, Pedro Urruchurtu, coordenou com a força estrangeira que ameaça invadir o seu país — o governo Trump, — um plano para as primeiras 100 horas após a derrubada de Maduro “com o uso da força” — palavras do assessor da mais nova Nobel da Paz.
“Resistência pacífica”? “Transição pacífica para a democracia”? Maria Corina “Sem Balas” Machado? Vejamos se as agências de fact-checking se animam para verificar o comunicado de imprensa dos noruegueses explicando o Nobel da Paz para a indicada por Marco Rubio para receber o prêmio.
Sem muita surpresa (eu ia começar esse comentário dizendo "Espantoso!", mas aí me lembrei de outros Nobel da Paz tão cínicos quanto esse). É um Nobel indireto. Um agrado sutil ao Donald Trump, que queria tanto levar esse prêmio.