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Avatar de Lívia Duarte

Ao ler aqui me dei conta de que a cena do dente, que te toca, é mais um enterro no filme (com posterior desenterro, que só a mãe será capaz de revelar). Quantas coisas a gente guarda em uma casa, quantas histórias em cada coisinha que fica esquecida nas gavetas e o quanto elas nos servem em horas futuras... A cena que me dilacerou no filme é a de outro enterro, a do cachorro. Eu só conseguia (chorar e) pensar: "que caralho de país em que - eu sabia, eles não - é possível respeitar honras fúnebres ao cachorro, mas será vedado enterrar o próprio pai?!". E tinha me esquecido, mas também lembrei agora, da alegria que senti pelo lugar onde assisti: fomos a uma sessão no Cine Brasília, não sei se logo no fim de semana da estreia ou no segundo. A fila serpenteava imensa, o hall dos fundos totalmente cheio, eu um pouco tensa com a hipótese de perder meu marido naquela pequena multidão - nos perdemos em outra bem maior dias antes e foi um enrosco pra reencontrar. Entive tão feliz com o alarido das pessoas, a pipoca, a curiosidade, o entreouvir das conversas. O domingo no cinema. Gente de todas as idades, muitos jovens. Quando saímos era puro silêncio, eu não quis falar nada - coisa bem rara - mas fiquei presa na importância de enterrar, despedir-se pra se ter certeza de que o outro, que tantas vezes dizemos que perdemos, na verdade não se perdeu. Parei sob as árvores velhas só por um minutinho e rumei meio desconcertada ao prédio vizinho, onde minha filha me esperava. Um abraço, Sylvia!

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