Jovem Klan: seria 'erro' o permanente açulamento da turba?
Com a fake news do Pix, do Nikolas, prestes a completar um ano, governo precisa, de novo, vir a público esclarecer: "é falso que transações acima de R$ 5 mil estarão sujeitas a taxação".
No dia 6 de março deste ano, uma quinta-feira, o Governo Federal anunciou medidas importantes para baixar os preços dos alimentos. A reposta do governo para a grande questão nacional daquele momento — a carestia — veio em pronunciamento do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Não foi pouca coisa, não: tarifa zero para importação de carne, café, açúcar, milho, azeite de oliva, etc.
No dia seguinte, porém, o maior jornal do país preferiu destacar em capa um despacho burocrático do Banco Central para bloquear chaves Pix vinculadas a CPFs em situação, por exemplo, de “titular falecido”.
A manchete da Folha de S.Paulo — “Bancos terão de excluir chaves Pix de quem está irregular na Receita” — trazia de volta à baila um veneno da direita, “tire a mão do meu Pix”, menos de dois meses após o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) causar grande estrago nacional disseminando, com os cumprimentos da Meta e da Alphabet, a fake news de que o governo Lula começaria a taxar transferência feitas pelo meio mais querido do Sistema de Pagamentos Brasileiro.
A fake news do Pix, do Nikolas, distorcia uma norma da Receita Federal que previa o monitoramento de movimentações financeiras acima de R$ 5 mil para pessoas físicas. A fake news do Pix, do Nikolas, resultou na maior queda de transferências Pix desde a criação da ferramenta, em 2020; resultou no cancelamento da norma da Receita e, assim, ajudou esquemas de lavagem de dinheiro como o do PCC/Combustíveis/ Faria Lima.
Quanto ao despacho do Banco Central de três meses depois, aquele para bloquear chaves Pix de gente morta, mas alçado a manchete da Folha, a Folha, em termos de estardalhaço, só perdeu para o Estado de Minas, que naquele 7 de março tascou em manchete, em letras XXGG: “PENTE-FINO NO PIX”.
Estado de Minas ou Estado do Nikolas?
Agora, com a fake news do Pix, do Nikolas, prestes a completar um ano, a Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal precisa vir a público, de novo, informar, desmentir, esclarecer:
“Não existe, nem está prevista, a instituição de imposto incidente sobre movimentações financeiras acima de R$ 5 mil, inclusive aquelas realizadas por meio do Pix. O Governo do Brasil não criou, não propôs e não debate qualquer medida que preveja a tributação de transferências, pagamentos ou recebimentos com base no valor movimentado”.
É que “influencers” e deputados da extrema direita — com Nikolas Ferreira entre eles, naturalmente — estão espalhando de novo, again, noch einmal, que “atenção motoboy, manicures, cabeleireiras, pintores, pedreiros, faxineiras, a partir de 2026, o lulismo vai cobrar 27,5% de impostos para quem movimentar mais que 5 mil reais por mês”.
Uma concessão pública de radiodifusão de sons e imagens, a Jovem Pan, ecoou a mentira, em programa de nome sugestivo: Pânico. Agora, a “Klan” pede desculpas pelo “erro”, como se de “erro” se tratasse o permanente açulamento da turba à queima de cruzes de madeira.
P.S.
Na véspera de Natal, despedimo-nos dos leitores neste ano com o artigo “Augusto Góngora, Augusto Heleno”. Depois disso, porém, já foram quatro artigos, contando com este, apesar de a mente e o corpo implorarem por algum descanso. Mas assim é "a melhor profissão do mundo". Só que agora vai: até 2026!





