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O Jaguar morreu há uma semana, no domingo passado, e na última segunda-feira Come Ananás homenageou o Jaguar resgatando um remendo algo genial que ele fez lá em 1971, no Pasquim, num famoso postulado erroneamente atribuído a Voltaire. Diante de provocações de Millôr Fernandes sobre a música popular (“compositor popular devia, muito bem pago, ganhar salário mínimo”), Jaguar retrucou nestes termos: “eu não concordo com uma só palavra do que você diz, NEM defenderei até a morte o direito de você dizer isso”.
Tudo bem que eram ali o Jaguar e o Millôr sendo Millôr e Jaguar. Mas, no artigo “Comparado com os vândalos de hoje, o Átila não passa de um doce bárbaro”, chamamos a atenção para a falta que faz hoje quem diga o mesmo, a sério, na cara de Greenwalds, Pinheiros da Fonseca e de outros publicistas das piores ideias que diante dos discursos de ódio, diante de neonazis tuiteiros, enchem a boca para papagaiar, para acanalhar até, a máxima que Evelyn Beatrice Hall pôs na boca de Voltaire: “discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”.
E Jaguar vai fazer muita falta.
Na terça, na matéria “O comandante do Exército e a ‘espada sem partido’”, a partir da declaração dada pelo general Tomás Paiva no Dia do Soldado de que “minha espada não tem partido”, publicamos um currículo alternativo do general, bem diferente do oficial. Entre os fatos da trajetória de Tomás Paiva que contradizem suas juras de amor à democracia e à legalidade, reluz, por exemplo, sua participação decisiva na ameaça do Exército ao STF em 2018 para acabar com qualquer chance de Lula concorrer à presidência naquele ano contra Jair Bolsonaro.
Na quarta, na matéria “Um soldado, um cabo, um Jeep Commander e um Honda HR-V Advance”, voltamos à informação dada em primeira mão por Come Ananás em julho de que Eduardo Bolsonaro alugou um Jeep Commander em Brasília com cota parlamentar, e na locadora de carros de um ex-assessor do próprio Eduardo, após ele ter se mandado para os EUA para tramar contra o Brasil. Pois bem. Na quarta, mostramos que o suplente de Eduardo na Câmara, Missionário José Olímpio, foi logo alugando um Honda HR-V Advance, sempre usando cota parlamentar, na mesma locadora do ex-assessor do traidor da Pátria.
Na mesma matéria, mostramos que o “missionário” tem como assessor parlamentar um militante MAGA, pupilo de Carla Zambelli, que neste ano foi escolhido por militares brasileiros, em processo seletivo da Escola Superior de Defesa, para participar de um curso sobre planejamento e gestão da Defesa Nacional e sobre o preparo e emprego das Forças Armadas.
Notável…
Ainda na quarta, publicamos a matéria “Quem me navega é o MAGA': o dia em que um foragido da Justiça participou de uma audiência pública na Câmara”. Trata-se de Allan dos Santos. O blogueiro bolsonarista malocado nos EUA, à moda Bananinha, foi ouvido por videoconferência na assim nomeada “Subcomissão de Fiscalização e Direitos dos Presos do 8 de Janeiro”. Participaram também da audiência uma “patriota” do 8/1 que arrebentou a tornozeleira eletrônica e escapuliu para a Argentina e os próprios Pink e Cérebro do golpismo nacional, ou melhor, antinacional: Paulo “João Batista” Figueiredo e Eduardo “God Bless America” Bolsonaro.
Na quinta-feira, dia em que estourou a operação Carbono Oculto da Polícia Federal, contra o PCC e a Faria Lima, Come Ananás mostrou que o porto por onde o PCC importava metanol com documentação falsa, para misturar à gasolina vendida em seus mil postos de combustíveis, é o mesmo Porto de Paranaguá, no Paraná, por onde saía a cocaína do PCC para a Europa em esquema onde apareceu o nome da pecuarista Maribel Golin, uma das maiores doadoras da campanha de Tarcísio de Freitas para o Palácio dos Bandeirantes.
E dissemos assim na matéria “Tarcísio, o 'pessoal da Faria Lima' e a turma do PCC”:
“Quando a turma do PCC teve a ideia de se unir ao ‘pessoal da Faria Lima’, e vice-versa, a turma toda deve ter dito entre si o mesmo que Tarcísio de Freitas disse à sua turma, na B3, no dia 14 de março de 2023, momentos antes bater o martelo com força, sete vezes, para dar como vendido ao fundo de investimento Via Appia o trecho norte do Rodoanel: ‘o pessoal está tímido ainda, mas vou mostrar como é que faz’”.
Voltamos a nos debruçar sobre a Carbono Oculto na sexta-feira, na matéria “Notas sobre big business e outras espécies de máfia”, na qual mostramos as conexões do alvo mais graúdo da operação da PF, a gestora Reag Investimentos. Isso para além da conexão da Reag com o PCC, claro. A imprensa corporativa ficou nos laços da Reag com o “mundo do futebol”, mas nós fomos além, mostrando os vínculos da empresa com certo “canal de jornalismo independente”, com o Insper e até com um ex-diretor do Banco Central que hoje faz sucesso na… imprensa corporativa.
Neste sábado, quando perdemos Luis Fernando Veríssimo, seis dias depois de perdermos Jaguar, Come Ananás homenageou o Veríssimo das crônicas indo buscar um precioso textinho dele ilustrado com o ratinho Sig, do Jaguar. Foi um texto de apresentação que Veríssimo escreveu em 2009 para o terceiro volume da antologia do Pasquim. Veja lá no artigo “Veríssimo e Jaguar: matem a saudade, descubram como a turma era boa mesmo, e divirtam-se”.
Achou a semana cheia, no Brasil e no Come Ananás? Espere a semana agora, a do julgamento de Jair Bolsonaro e do resto do assim chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado do final de 2022, início de 2023. Nós já estamos preparados para trazer para você aquela nuance dos fatos sobre a qual a mídia comercial não consegue ou não quer avançar, o detalhe revelador, quem sabe novas informações em primeira mão.
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