Máfia, mídia, mercado: a semana no Come Ananás. Apoie o Come Ananás
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Na última segunda-feira, 1º, na matéria “Tic-tac, senador”, abrimos os trabalhos de setembro no Come Ananás lembrando que o senador Ciro Nogueira, ligado por testemunha da operação Carbono Oculto ao esquema PCC-combustíveis-Faria Lima, foi flagrado há poucos meses tramando com a Faria Lima contra o governo Lula.
Na terça, no artigo “Exorcizar a profecia de Demóstenes Torres”, chamamos a atenção para o que disse o ex-senador, hoje advogado do almirante Almir Garnier, diante de Alexandre de Moraes no julgamento dos golpistas no STF, num misto de profecia, provocação a Moraes e ameaça ao país com o sabre da impunidade: “o problema do arrependimento é que ele vem depois, né? Sinceramente, independentemente do resultado, eu acho que esse resultado não vai permanecer. A história vem aí em seguida. E tudo aquilo que nós estamos dizendo agora vai passar por um crivo, por uma revisão”.
Na quarta, mostramos que um dos réus do “núcleo crucial” da tentativa de golpe, o general e ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira, cumpriu direitinho a missão dada a ele por Jair Bolsonaro em 2022: envenenar a sociedade brasileira contra as urnas eletrônicas, com direito a uma apresentação do Ministério da Defesa no Senado, dentro do Congresso Nacional, para dizer que podia haver um código malicioso nas urnas pronto para ser acionado no dia da eleição. Agora, o general Paulo Sergio, vulgo GPS, diz que sua atuação no período da trama golpista teria sido tão somente a de tentar demover Jair Bolsonaro do golpe, ou, conforme o título da nossa matéria, “Se diz inocente, o ex-ministro dos Ataques às Urnas Eletrônicas”.
Na quinta, em “Poupado por Gonet, Valdemar confessa má-fé em acusações do PL contra as urnas eletrônicas”, Come Ananás registrou o que disse candidamente o presidente do maior partido do Congresso num estúdio de TV sobre ter lançando acusações contra as urnas eletrônicas após as eleições de 2022 em conluio com um tal “gênio de Uberlândia”, tendo assim ajudado a preparar o clima para a tentativa de golpe de Estado: “eu sempre acreditei nas urnas. Fiz aquela contestação porque eu estava numa situação muito difícil…”
Também na quarta, publicamos o artigo de Sylvia Moretzsohn “Atirar pedras aos zucas, cortar as cabeças dessa ‘raça maldita’”, sobre o caso de um português de Aveiro que gravou um vídeo oferecendo 500 euros a cada compatriota que lhe trouxesse a cabeça de um brasileiro “cortada rente ao pescoço”. No artigo, Moretzsohn lembra o caso da “brincadeira” de estudantes da Universidade de Lisboa que em abril de 2019 montaram uma banquinha cheia de pedras com um cartaz que dizia: “grátis se for para atirar a um ‘zuca’”. Foi justamente em 2019, lembra ainda a Sylvia, que o Chega, partido de extrema-direita, formalizou seu registro e já naquele ano elegeria seu líder para o Parlamento de Portugal.
Ainda na quarta, no artigo “Não tem jeito: quando o 'mercado' fala, ouve-se um Bolsonaro”, a partir da declaração de um Faria Limer à imprensa sobre as boas expectativas do “mercado” quanto à possibilidade de anistia a golpistas, mostramos como são feitas as salsichas: a quem a mídia comercial costuma recorrer, em quais figuras costuma incorrer, que fontes costuma cometer para reverberar diuturnamente a parolagem do “mercado”?
Na sexta, após começar a circular a minuta da anistia, verdadeira minuta do golpe II, lembramos aos responsáveis pela ignomínia que, se eles querem mesmo anistia ampla, a todos os golpistas, todos mesmo, faltou consignar no anteprojeto de lei aquilo que botamos no título do artigo: “fica concedida anistia a quem participou da elaboração desta minuta”.
Neste sábado, voltamos ao esquema PCC/combustíveis/Faria Lima. Na matéria “Máfia, metanol, management: os alquimistas estão aí faz tempo”, mostramos que Ciro Nogueira atuou junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2021 em favor de um grande devedor contumaz que mais tarde, segundo o Ministério Público de São Paulo, viria a fazer parte do esquema mafioso desbaratado pela Polícia Federal. E o senador não foi o único que atuou no Cade anos atrás por devedores contumazes e alquimistas de metanol.
Também neste sábado, uma semana depois da morte de Luis Fernando Veríssimo, após uma semana na qual a mídia corporativa se animou para desfilar uma miríade de juristas mugindo teorias sobre se Jair Bolsonaro tentou mesmo dar um golpe de Estado ou se o golpista “parou em atos preparatórios”, lembramos no artigo “Julgamento dos golpistas: menos teorias, mais calorias” de uma tira em particular das cobras do Veríssimo que vem bem a calhar.
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